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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A INVASÃO DE SANTEREZ - PARTE 1/3

O telefone tocou por volta das duas horas da manhã de domingo. A policial Marian Montese, grávida de seis meses, atendeu. Devia ser a décima chamada naquela madrugada e ela esperava de todo o coração que fosse apenas mais um dos costumeiros trotes passados pelos filhinhos de papai que estavam em férias na cidade. Naquela época do ano, quando as aulas findavam na capital, o pequeno município se enchia de garotos e garotas repletos de hormônios que não se davam por satisfeitos enquanto não conseguiam fazer mal ou prejudicar alguém com suas brincadeiras. Mesmo assim, Marian, sentindo já as dificuldades que um corpo mais pesado aliado à perda de sono ocasionava, torcera até o ultimo momento para que o sujeito do outro lado da linha fosse apenas mais um moleque cheio de espinhas que gostasse de gemer ao telefone. Nem se preocupou em cuspir fora os sucrilhos com leite que estivera devorando segundos antes. Atendeu com a boca cheia e mal conseguiu pronunciar “delegacia de polícia”. Ouviu em retorno apenas um pouco de estática e silêncio. Desligou sentindo-se aliviada por ter sido atendida em mais aquele seu pequeno desejo e ia dirigir-se novamente à copa quando o telefone tocou novamente
Do lado de fora do pequeno prédio um vento tímido começara a soprar por volta das seis horas da tarde e agora tornara-se de uma frieza passando a uivar nos cantos externos das paredes e por entre as frestas das janelas. Havia apenas um agente de plantão no balcão de atendimento ao publico no andar térreo. Além disso, duas viaturas estavam fazendo ronda pelas ruas mal iluminadas do município
Ela avançou para o aparelho mais uma vez e antes que pudesse alcança-lo a campainha se silenciou. “Malditos riquinhos” pensou. Em sua mente, apenas os ilhós dos mais ricos eram capazes de gastar o dinheiro dos pais em ligações telefônicas inúteis numa comunidade carente como aquela. Por outro lado, àquela hora os filhos das classes baixas da cidade já deviam estar todos dormindo encolhidos sob suas cobertas desgastadas após terem passado boa parte da noite ouvindo histórias assustadoras por conta da véspera do dia de todos os santos.
O interfone tocou na parede da porta de entrada; um som estridente ressonou nas paredes atulhadas de cartazes e lembretes invadindo o silêncio da madrugada como uma estranha profanação. Marian girou nos calcanhares e correu para atender antes que a campainha voltasse a agredir seus ouvidos. Era Esteban, o agente da recepção. Sentia-se solitário e perturbado pela visão que tinha no seu balcão, A entrada do edifício dava para o início do parque ecológico da cidade; àquela hora uma floresta escura e brumosa.
“Está tudo bem aí?” disse ele por sobre o barulho do vento
“Tudo certo aqui no alto. Como estão os vagalumes do parque ai embaixo?” respondeu a agente
“Ah, engraçadinha! Nem me fale. Esse bosque aqui é de arrepiar!”.
Esteban era novato, viera transferido da capital há apenas três semanas. Não se acostumara ainda com os bucolismos do interior
“Não se preocupe, no máximo Velásquez, o bêbado do bairro, deverá aparecer pedindo abrigo contra o frio ainda antes das cinco da manhã” Disse Marian, e faz a menção de desligar, mas o agente da recepção chamou novamente
“Se precisar de qualquer coisa, me chame, ok? Estarei aqui a noite inteira! “ Disse isso com a maior dose de sarcasmo que o avançado da hora o permitiu, e deligou
Marian ficou ainda um instante com o fone na mão, depois colocou-o na base e foi até a janela. Do terceiro andar podia ter uma visão mais ampla do parque municipal. Era uma imensa área de floresta densa que o governo nacional tombata como patrimônio histórico e desde então passara a preservar da maneira mais natural possível. Ninguém podia entrar a não ser funcionários e visitantes em grupos com hora marcada. A agente sabia da existência de um posto avançado de vigília; uma cabana de madeira embrenhada em algum ponto no meio da floresta e construída sobre os galhos de uma grande árvore. Em algumas noites, quando o tempo fechava de verdade e as estrelas desapareciam do céu, ela podia ver uma tênue luminosidade elevando-se do meio das copas verdes no horizonte; eram as janelas do posto iluminadas por lampiões de querosene

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