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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Coração

Aline sempre foi uma garota saudável, se alimentava bem e vivia uma vida tranquila, mas aos 18 anos descobriu que tinha uma doença rara no coração e para sua sobrevivência seria necessário um transplante, a família juntou fundos e fez de tudo para pagar o transplante pois sabia que se a deixasse na lista de espera ela não sobriveria, e assim foi, um coração foi comprado e o transplante foi feito com sucesso, a garota se sentia bem novamente, sem as dores no peito e sem as faltas de ar comuns a noite, porém sentia um mal estar desconhecido, algo a perturbava mas não sabia dizer o que era, mas se era assim não deu importância e seguiu sua rotina de sempre, mas mal ela sabia que sua vida estava para mudar!
De uns tempos para cá Aline começou a se sentir observada e tinha medo de dormir a noite, ela jurava que tinha alguém aos pés de sua cama todas as noites, todas não, somente as noites após ao transplante, ela foi conversar com o seu médico que a disse que isso podia ser um pequeno trauma após a cirurgia e que com algumas seções com uma psiquiatra estaria em novamente, ela aceitou a recomendação e marcou a primeira consulta, todas as conversas eram gravadas e mantidas em segredo entre o paciente e o psiquiatra.
1° consulta:
-Doutora eu acho que estou ficando louca, comecei a ter medo de dormir, medo de se olhar no espelho.
-acalme-se Aline isso nós iremos resolver, apenas me diga, quando isso começou?
-foi após a minha cirurgia de transplante de coração, eu tinha uma doença rara e tive de operar.
-hm e você passou mal durante a cirurgia? ou lembrasse de algo estranho?
-eu me lembro que na recuperação eu senti um frio estranho, estava calor mas eu me tremia toda, acho que era efeito dos remédios.
-pode ser mas, em caso de dúvida, caso você continue tendo esses problemas gostaria que você retorna-se a falar comigo, para continuarmos o tratamento ok?
-ok doutora com certeza eu virei.
-mas fique tranquila Aline não tem nenhum fantasma ti perseguindo, tome estes remédios, eles irão ti ajudar a dormir.
-está bem eu vou indo então doutora obrigada pela ajuda.
Aline vai para casa mais tranquila, talvez fosse tudo coisa da sua cabeça mesmo e um bom descanso ajudaria a esquecer tudo isso, ela chega em casa larga a bolsa em cima da mesa e vai ao banheiro, tira a roupa e vai tomar banho, estava até cantando pois estava bem, se sentia segura, ela sai do banho se veste e vai comer algo antes de dormir, seu telefone toca, no identificador mostra um numero desconhecido, ela então atende:
-Alô? 
-....
-Alô quem fala?
Ela começa a ouvir alguns ruídos, algo como um gemido, ela estranha pode ser apenas um trote, "ALÔ!" ela grita, mas nada mais se escuta, ela então toma seu remédio e se deita, esta noite ela dormiu bem.
Amanheceu e Aline se prepara para trabalhar, ela percebe que seu telefone tocou enquanto dormia e que havia algumas mensagens na secretaria eletrônica mas ela não quis ouvi-los e os apagou, tomou seu café e saiu, ela trabalha em uma agencia de telemarketing e vendia cartões de crédito, pela manhã seu trabalho foi normal, até que ela liga para um senhor para lhe oferecer o produto:
-Boa tarde com quem eu falo?
-quem está falando? (Voz de um senhor)
-Me chamo Aline e gostaria de apresentar ao senhor o nosso novo plano de..
-Me..me ajude, nã..não tenho mui..to tempo p..arafal..ar por..favor (Voz de uma garotinha)
-O senhor está ai? Alô! Alô!
A ligação cai, Aline segue seu serviço, mas não conseguia esquecer a estranha ligação que teve a tarde, ela pede para uma amiga se pode passar esta noite na casa dela, quando perguntou o motivo ela disse que se sentia um pouco sozinha, a amiga não recusou e disse que gostaria muito, e assim fez, foi para a casa da amiga Gabriele logo depois do serviço, as duas fizeram compras e foram para casa, já escurecia, Gabriele vai até a cozinha fazer pipocas e Aline fica na sala escolhendo um filme para assistirem, ela só via filmes de terror.
- Gabriele tu só tem filme de terror guria?
-A tu sabe que eu gosto desse tipo de coisa há há
-vamos assistir o filme assombração então acho que é o menos sinistro
-Sinistro Aline? Esses filmes são um monte de bobagens mas não consigo ficar sem eles há há
As duas assistem o filme e Aline pede licença e vai ao banheiro, chegando lá ela encontra um tufo de cabelos ao lado do vaso de Gabriele, porém os cabelos eram loiros e Gabriele sempre foi morena, ela estranha mas não fala nada, e volta a sala para assistir o filme, a noite passa e as duas vão trabalhar juntas, mais um dia de rotina e Aline vai para casa, liga as luzes e pega água na geladeira, quando se senta na mesa para ler seu jornal percebe cabelo em cima da mesa, da mesma cor que viu na casa de Gabriele, um longo fio de cabelo loiro, longo demais para ser dela, mas que droga é essa? Se perguntou, ela joga o cabelo no lixo, mas para seu espanto quando abre a lata ela encontra uma enorme quantidade de cabelo, quase que uma peruca inteira! Ela salta para trás com tamanho o susto, quem invadiria uma casa e deixaria cabelos no lixo? Ainda mais sem levar nada? Ela joga tudo em uma sacola e joga fora, a noite antes de dormir a mesma sensação voltou, Aline tremia em sua cama, parecia que alguém a observava mas ela não via ninguém, “tem alguém ai?” um forte vento passa por ela, mas a janela estava fechada, ela se assusta e bota a coberta por cima da cabeça e fica ali com medo, sente um apertão no seu pé, algo subia na cama, mas Aline não tem animais de estimação! Um frio em sua espinha, ela começa a suar frio e chorar, a coisa vem engatinhando em sua direção, ela sentia pequenas mãos que iam se movendo em cima dela, parecia uma criança até mesmo pelo peso, Aline se debatia de pavor, aquilo iria pega-la e iria agora, de repente sua coberta é puxada com muita força arremessando ela para um canto do quarto, Aline dispara um grito agudo e longo de pavor, ela não consegui abrir seus olhos, muitas coisas passavam pela sua cabeça, porem o silencio tomou conta do seu quarto, ela lentamente abria seus olhos e não enxergava nada! “mas o que? Eu não estou louca droga!” , o telefone toca e Aline tremia mais que o telefone que tocava como se a chamasse, ela segue em direção dele em passos lentos, se fosse algo importante iria espera-la, mas que tipo de ligação importante seria feito as 4 da manha? Ela pensou, quando puxou o telefone do gancho ela lentamente levantou até sua orelha, ela bem baixo disse “a..alô?” apenas um grito estrondoso se ouvia na outra linha, um grito horrível de como alguém sendo torturado, Aline joga o telefone longe e cai de joelhos, o grito ainda ecoava em sua cabeça, ela começou a chorar muito, estava enlouquecendo aos poucos, decidiu marcar outra consulta com a psiquiatra, precisava desabafar com alguém e talvez ela a intenderia.
Aline vai até o consultório da psiquiatra para contar dos últimos acontecidos, após terminar de contar tudo a doutora fala:
-Olha Aline, me parece que tu esta com um pouco de depressão, deve estar com trauma por causa da cirurgia.
-Mas que trauma é esse doutora? é tudo tão real, e outra, que doença é essa que ti faz ligações no meio da noite?
-A parte das ligações eu ainda não sei, tu pode estar com sindrome do pânico, esta doença ti coloca em situações de extremo pavor e é muito real
-a ponto de mexer com toda realidade doutora?
-Claro! já tive pacientes que tiveram crises em minha sala e eles estavam se afogando, como se estivessem no meio de uma tempestade no mar!
-bom mas o que podemos fazer quanto a isso?
-tu mora sozinha Aline, isso é um grande erro, queria que tu tentasse passar um tempo com alguém, ou então...
-então?
-se internar, para que tenha uma observação mais especial
-me internar doutora? eu não estou louca!
-eu não disse que está! apenas quero que tu consiga esquecer isto que está ti traumatizando!
-ok doutora vou pensar e ligo para ti com a resposta
-esta bem Aline se cuide.
Aline vai para casa e não consegue parar de pensar na proposta da doutora, se internar? isso seria em ultimo caso! não queria isso para ela, não agora que sua vida estava indo tão bem.
Aline estava tensa com essa proposta, tão nova e ter que se internar não era uma boa alternativa, então começou a esquecer esta opção, ela estava em seu apartamento e decidiu tentar achar uma solução ela mesma para isso, foi até a sua mãe e lhe perguntou onde havia sido comprado o tal coração usado na cirurgia, ela disse que foi de uma aldeia no interior, uma aldeia bem pequena, a dona havia falecido e usaram seu coração para reanimar Aline, ela pega o endereço e decide visitar a aldeia, chegando lá era um lugar muito pobre, poucas crianças por lá, tinha mais era idosos, Aline vai até uma pequena casa de madeira e bate, uma moça vem lhe atender:
-Oi quem é?
-Oi sou Aline e queria fazer algumas perguntas
-que perguntas moça?
-sabe de alguma guria que morreu recentemente aqui?
-sim moça todos os dias morre alguém por aqui
-m..mas e alguma que morreu e teve seu coração doado para transplante
-ah! a perturbada! sim eu sei sim por que?
-perturbada? por que a chamou assim?
-por que ela vivia sendo exorcizada, os pais dela diziam que ela era possuída por demônios mas nada a curava, então no último exorcismo ela morreu
-nossa! obrigado era só isso que queria saber
   Aline vai para seu apartamento, será que o demônio havia passado junto com o coração da guria? Aline não acreditava muito nessas coisas mas nessa hora de desespero seria uma possibilidade, então ela teria de ver um padre, e tirar suas dúvidas!
ela vai até uma pequena igreja que tinha em sua cidade, ao entrar sente um mau estar, uma pressão em seu peito, mas sabia que tinha de continuar, ela vai em direção ao padre que estava em frente ao altar, ela o cumprimenta e pede alguns minutos para conversar, diz que é importante, ele aceita seu pedido:
-Padre, preciso de conselhos do senhor
-o que esta acontecendo moça?
-Após uma cirurgia de tansplante de coração venho tendo alucinações, já fui ver médicos e só sabem dizer que é trauma
-mas o que tu vê?
-vejo vultos, recebo ligações estranhas
-o que tu acha que é?
-eu não sei padre, mas fui até o local onde a doadora morava, e disseram que ele também via essas coisas, e que morreu em um exorcismo
-e tu quer que alguém ti exorcize é isso Aline?
-é...e.eu.. mas como sabe meu nome?
-Deus me disse cara Aline
Aline estava mais confusa ainda agora
-o senhor pode então me ajudar?
-bom no seu caso eu terei de pedir ajuda, mas sei quem pode
 Ela talvez finalmente se livraria desse tormento, mesmo sabendo que a outra garota morreu desta forma, ela teria de arriscar, não aguentava mais.
O padre pede que Aline volta no outro dia, pois ele teria de chamar um velho amigo, que era bom em exorcismo, juntos ele teria mais segurança na hora do ritual, ela aceitou e retornou no outro dia, ela chega na igreja e vê algumas freiras na porta da igreja, junto estava o padre e mais um outro senhor.
-Ah! Tu chegou Aline venha. Disse o padre
-Bom dia padre.
-este é meu amigo que lhe falei Aline, ele se chama Fabricio, e será de grande ajuda hoje
-Olá Fabricio, Aline estende a mão
-Olá cara Aline. Fabricio a cumprimenta
   Todos entram e Aline percebe uma cama no meio da igreja, junto tinha algumas cordas nas extremidades da cama, o padre pergunta se ela está pronta e ela diz que pouco assustada mas que esta pronta, eles a deitam nesta cama e amarram suas pernas e braços, “para que tudo isso padre?” pergunta Aline com uma cara de assustada, “somente segurança minha cara” responde o padre com um sorriso amigável, o padre pega sua bíblia e Fabricio faz o mesmo, eles começam a rezar e Aline sente um aperto no seu peito, sentia como se algo a esmagasse, os padres aumentaram a intensidade das palavras, Aline começou a sentir calor, sentia-se em uma fogueira, seus pés estavam quentes, era um calor que vinha de seus pés e ia subindo até que ela não aguentando mais solta um grito e fica desacordada, o padre se assusta e quando ele se aproxima o padre Fabricio o puxa pelo braço, “esta tudo bem” disse ele, quando o padre ia se afastando Aline abre os olhos com uma cor escura, ela começa a se debater na cama, percebendo que estava amarrada começa a gritar.
-AHHHHHHHHHH achas que somente estas cordinhas me prenderão padre?
Ele continua rezando
-há háháhá padres ridículos, vocês não tem fé em sim mesmos e querem me tirar daqui? Há háhá
  O padre Fabricio se aproxima com um crucifixo e o aperta na testa de Aline, ela solta um grito pavoroso, sua voz era grossa e rouca, na testa dela fica a marca do crucifixo, ela começa a criar mais força, as cadeiras da igreja tremiam, umas sendo arremessadas contra as outras, o padre chama as freiras que estavam na porta e pede que rezem junto com eles, agora eram 5 rezando, Aline ria alto, suas gargalhadas faziam uma das freiras se estremecer, “EU SINTO O MEDO DE TI FREIRA RIDICULA, QUER SER SANTA MAS PECA MAIS DO QUE EU HÁ HÁHÁ”, Aline consegue soltar um dos braços, sua aparência estava horrível, pele pálida, olhos fundos, o padre Fabricio começa a rezar em latim, o que parece estar fazendo mais efeito, isto acalmou um pouco Aline, uma feira se aproxima para ver como ela estava, antes que Fabricio pudesse avisa-la Aline já havia lhe agarrado o pescoço, ela estrangulava a freira com uma força desumana, o padre tenta soltar a freira mas com sua idade não tinha mais tanta força, o padre Fabricio continuava as orações, mas parecia que nada adiantava, a freira estava pálida, até que seu ultimo ar foi perdido causando sua morte, seu corpo ficou jogado ao lado da cama, o padre entrou em pânico, ele se senta e desaba em lagrimas, Fabricio diz “levanta padre, não é hora para desespero!”, com esta pausa nas orações foi o suficiente para Aline aumentar suas forças e arrancar as cordas de seu outro braço, ela se desamarra e parte para cima do padre que estava chorando caído ao chão, ela parte para cima gritando, “AGORA TIRAREI TUA SANTIDADE PADRE HÁ HÁHÁ, EU SEI QUE TU QUER!”,        Aline insinuava uma transa com o padre que não tinha forças para tira-la de cima dele, as freiras tentam retirar Aline mas ela as joga para trás com um empurrão, ela corre até o altar e quebra a cruz que estava ali, o padre Fabricio começa a gritar em latim, Aline cai no chão se contorcendo, parecia que o padre estava vencendo.
-SAIA DELA AGORA!
-NUNCAAAAAAAAA!!! ELA É MINHA!
-SAIA VOCÊ NÃO É DONO DELA! EU O ORDENO QUE SAIA!
-NÃOOOOOOOOOO, SE NÃO FOR PARA TELA NÃO SERÁ DE MAIS NINGUÉM!
-SAIA ESPIRITO IMUNDO!
  Os bancos que estavam quebrados aos cantos da sala se remexiam, Aline corre na direção deles e junta um pedaço de um dos bancos.
-TU NÃO PODE ME AGREDIR DEMONIO! O PODER DE DEUS ME PROTEGERÁ!
-HÁ HÁHÁ TU TALVEZ EU NÃO POSSA SEU PADRE RIDICULO! MAS VEJO QUE TUAS FREIRAS E TEU PADRE MEDIOCRES NÃO TINHAM FÉ! HÁ HÁHÁ
-EU TI ORDENO QUE SAIA AGORA!
-ESTOU SAINDO PADRE! POUPE TUAS PALAVRAS PARA A PROXIMA VEZ QUE NOS VERMOS! HÁ HÁHÁ
  Aline olha para o padre Fabricio com um olhar de vingança, e ao soltar um grande grito enfia o pedaço de madeira no próprio peito, seu corpo cai no chão, Aline retoma sua consciência, infelizmente ela só conseguiu voltar na sua hora final, o padre Fabricio se aproxima dela, “eu sinto muito Aline, era algo que eu não pude combater”, Aline começava a cuspir sangue, “tu..tudo..b..bem pad..re..obri..ga..da”, estas foram suas ultimas palavras, Aline morreu ali mesmo, caída sobre o solo santo da igreja, o padre entrou em depressão e caiu em um mundo de pecado e prazeres, se envolveu com drogas e acabou falecendo com uma overdose, as freiras ninguém mais viu, e o padre Fabricio se afastou um pouco da igreja, mas ainda buscava o conhecimento sobre as criaturas do inferno, quem sabe um dia conseguiria vencer aquele demônio que prometeu voltar.  [FIM].

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